No início de 2020, o mundo foi pego de surpresa com o surgimento da COVID-19, doença que foi declarada pandemia global e causou um grande esforço por parte da sociedade mundial, uma vez que nenhum país estava preparado para passar por tal situação. A COVID-19, doença infecciosa causada por um vírus altamente transmissível (o SARS-CoV-2 ou coronavírus, como é popularmente conhecido) pode evoluir para um estágio clínico grave de insuficiência respiratória e levar as vítimas à óbito. Nesse contexto, as autoridades e, principalmente, os profissionais de saúde tiveram que se preparar para controlar a disseminação do vírus e cuidar daqueles que haviam contraído a doença.
Foi pensando nisso que um grupo de pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), liderado pela professora Maristela Santini Martins, mapeou as recomendações destinadas para a segurança dos pacientes hospitalizados, em decorrência da pandemia de COVID-19. “No contexto hospitalar houve a necessidade de muitos ajustes, a começar pela estrutura física. Porque começou a entrar muito mais pacientes em estado grave.”
Para a elaboração da pesquisa foram coletados dados entre abril de 2021 e setembro de 2022. A iniciativa foi idealizada a partir do momento que se constatou que a pandemia gerou uma mudança na percepção da segurança dos pacientes hospitalizados, além de riscos em diferentes categorias profissionais e subnotificação dos incidentes.
As consequências da pandemia também geraram um aumento na carga de trabalho dos profissionais de saúde, realocação de pessoal e o cancelamento de procedimentos eletivos – procedimentos médicos não considerados de urgência ou emergência e que são, geralmente, programados. Sendo assim, com a presença global da COVID-19 e a maneira como a doença é transmitida, surgiu a necessidade do envolvimento e respostas rápidas da comunidade de saúde na prevenção e no controle da pandemia, principalmente no ambiente hospitalar. “Entramos na pandemia de Covid-19, era uma doença desconhecida. Muitas práticas foram iniciadas no decorrer da pandemia, os profissionais se viram enfrentando uma doença que até então era desconhecida, mas precisavam agir e agir com rapidez.”
Com isso, a proposta do estudo é reunir as recomendações para a segurança dos pacientes hospitalizados no contexto da COVID-19 e, assim, orientar os profissionais de saúde no que se refere aos cuidados a esse grupo de pacientes.
De acordo com Maristela, foi feito uma mescla entre o que foi produzido na literatura científica e o que é fornecido pelas grandes instituições de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a International Society for Quality in Health Care (ISQua) e os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), além do Ministério da Saúde e a Anvisa. “Analisamos cerca de 2.500 documentos, mas para uma análise mais profunda escolhemos 125, que envolviam artigos científicos e documentos de referência dessas instituições.”
Toda essa análise e coleta de dados têm como objetivo preparar os profissionais de saúde para atuar de forma adequada no que se refere à preservação da segurança dos pacientes em situação de internação hospitalar no contexto da pandemia. Além disso, essas regulamentações podem, no futuro, auxiliar no controle de outras pandemias.
Fonte: Agência Universitária de Notícias